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Eu acho que quem me acompanha ou lê meus relatos sabe que nessa pandemia eu acabei encontrando não apenas um porto seguro como uma família aqui em Belgrado.
Eles eram apenas as pessoas que me alugavam uma casa (via Airbnb) e se tornaram as pessoas mais importantes por aqui – afinal, eles me deram muito mais do que um teto.
Nessa espécie de vila que moramos, a casa deles fica em frente a minha.
Moram o Branko e a Marija (o casal), Andjela (a filha que já fez 3 anos) e Zorka (a mão do Branko e a minha Baba – que é avó em sérvio).
Andjela foi, realmente, a luz da minha vida.
Não posso colocar foto dela a pedido da mãe.
Mas imagine um ser humano loiro, de olhos azuis, de perninhas grossas, destemida e cheia de ordem para dar? Essa é ela.
Nos tormamos best friends quando ela não sabia falar, onde nossa comunicação era baseada em poucas palavras, gestos e olho no olho – aliás, ela foi a minha primeira professora do idioma.
Era uma graça, porque chegou um momento em que ela realizou que eu não entendia o seu idioma e, desde então, passou a esperar pela tradução dos pais.
❤
Ah, outra coisa fofa: ela também já usa algumas palavras em inglês quando estamos brincando.
É demais.
<<<E nossa! Como cresce rápido…>>>
Enfim…
Marija ficou grávida e foi uma espera PECULIAR NESSES 9 meses.
O medo ainda tomava conta das ruas, mas fomos firmes e mantivemos nosso acordo de NOS preservar PARA CUIDAR DA NOSSA FAMÍlia e, claro, do bebê que chegaria.
Eis que Lazar chegou a esse mundo – o nome foi escolhido porque ele nasceu próximo a uma data religiosa (do calendário Juliano, relacionado à Páscoa).
Eu não sabia, mas aqui ainda existe a tradição de que não se pode ver o bebê por 40 dias.
Pois bem, eles voltaram para casa e eu podia escutar o chorinho fofo vindo da janela deles, mas não podia conhecer o meu novo amiguinho.
Durante esses 40 dias, ainda brincava com a Andjela no quintal e batia um papo rápido com seu pai – curiosíssima para saber de Lazar – queria saber como ele era, se também tinha olhos claros, como estava Marija e tudo isso.
Enfim. depois dessa espera, certo dia escutei o choro do lado de fora.
O sol começava a sair, já que era primavera.
Assim que eu abri a porta para vê-los, Andjela veio correndo gritando (em sérvio): OLHA TASSI, OLHA TASSI, ESSE É O MEU IRMÃO.
Foi correndo em direção ao carrinho, tirou o pano que cobria o seu rostinho e, toda orgulhosa, olhava pra mim com os olhos brilhando de felicidade.
LAZAR, TASSI, MEU IRMÃO – OLHA QUE PEQUENO!
Eu não sei vocês, mas essa foi a coisa mais linda que vi nos últimos tempos.
*este post tem o intuito de registrar esse momento para que eu não me esqueça jamais dessa experiência que estou tendo por aqui!